domingo, 23 de agosto de 2009

Brasil, um país de poucos

5/05/09, enquanto navegava no site de informações, uma reportagem me chamou a atenção “Menino tenta furtar carro e é detido pela 11º vez”.O carro era de um sargento militar de 44 anos, que flagrou o menino com uma chave micha tentando abrir o carro. Logo após, li os comentários postados abaixo onde diziam “corta as duas mãos desse ladrão, esse não tem conserto não, de repente ele mata um pai ou uma mãe, deixa alguém órfão para o resto da vida.”, “leva esse moleque pra quebrar pedra por mês, logo ele entra na linha!”. Comentários como este me fez pensar: Quem é a vítima, o sargento ou a criança?
É comum pensarmos que o delegado é a vítima, até porque é isso que a mídia e suas reportagens reproduz em nossas cabeças. Mas se analisarmos o sistema político e capitalista no qual estamos integrados veremos o outro lado da moeda e perceberemos que somos todos vítimas de um sistema onde o valor esta no que temos e não no que somos.

Em uma sociedade onde os ricos tem prestígio e os pobres são desvalorizados o governo nos diz quando aparece na TV “Brasil um país de todos”. Porém, são todos que ao tentar arrumar um emprego e por ser marginalizado, negro e etc... o preconceito fecha as portas?, O que fazer quando nossos entes familiares morrem devido à super lotação dos hospitais sabendo que há outros disponíveis, porém temos que pagar (mais do que já pagamos em impostos) para ser atendido? Ou quando a mídia nos bombardeia dizendo: “ Compre, compre....”. “Seu cabelo esta feio, compre... você não esta na moda, compre...., você não é moderno, compre....” O que fazer quando em meio a estas e outras situações a ilusão de que quem entra no mundo da criminalidade progride, bate em nossas portas?
Não estou justificando o menino do ato que cometeu, mas sim, trazendo a mesma reflexão que o escritor Ferrez nos propõe em seu livro “Capão pecado” dizendo “Qual será o lado certo do monitor?” nos fazendo pensar sobre a influência que o conjunto mídia/sistema exerce sobre nós.
O homem capitalizou casas, automóveis, comidas, animais, terras, sentimentos, a vida e até mesmo a educação que por sua vez funciona como mais uma ferramenta para separar o rico do pobre.
Somos todos vítimas, a criança de 12 anos que tentou furtar o carro e que sofre a discriminação da sociedade e nós que somos iludidos pela mídia que nos faz não perceber o preconceito que também sofremos e que em uma ideologia de ego misturado com justiça nos faz desejar como punição para uma criança, a morte.
Josevi Freitas

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